Perante a actual globalização de valores e culturas, a individualidade regional das diferentes partes que compõem o todo do mundo que formamos tem vindo a desaparecer.
Nessa índole, a artista foi beber das mais profundas raízes que identificam o povo português. Aludindo a temáticas simples da vida do campo ou evocando temas bíblicos marcantes, no seu trabalho são bem notórias as influências da sua cultura. Em toda a sua obra é lugar comum encontrarmos o culto do belo pontificado na graciosidade das figuras femininas.
Numa abordagem aproximada dos seus quadros deparamos com uma concepção que parece abstracta e geométrica no traçado, onde linhas sóbrias e formas minimalistas desembocam numa perfusão de trabalhados quando nos afastamos e vislumbramos a obra na sua totalidade. A quase ausência de sombra cria uma atmosfera alucinante onde figuras humanas e animais, seres vivos e inanimados encontram paridade e equilíbrio num todo onde coabitam numa harmonia de formas vestidas de cores vibrantes. É uma pintura pensada onde proliferam o vazio de cores planas e a saturação num entrosamento que cria um ambiente de calma e serenidade dentro do frenesim da minúcia do detalhe quase decorativo.
Nestas obras estão patentes três períodos que vão desde a fase esguia e a robusta até à fase dos planos geometrizantes sobrepostos.
Em suma: a autora trabalha numa busca intensa da verdade das formas.
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